Neste mês de maio lançamos o projeto RAMPA, em que artistas são convidados para produzir uma intervenção no acesso de entrada do Canteiro. Lana Moraes é quem abre a programação com uma obra que faz parte de sua pesquisa intitulada A Morte da Linha, e que ficará em exposição permanente nos próximos meses.
A Morte da Linha
O que dividiu nossos pensamentos, definiu o final de compreensões, calculou contas, desenhou mapas e caminhos. Olhada mais de perto ou em escala maior, revela algo além do ato de dividir. Ela toma corpo e forma, amorfa de vocabulários, mas constantemente tomando corpo: dos lados, acima ou em sua profundidade. Só precisamos escutar com os olhos de quem ouve. Nesse momento, o limite se transforma em outro território, essa terra da qual falo chama-se: linha.
 A linha é uma medida, uma representação gráfica que parece definir fronteiras e limites. Contudo, em um mundo com mais de duas dimensões, se fossemos atribuir uma existência a ela, seria a proximidade ou confronto entre corpos e suas formas, tamanhos, volumes. Contraste... Não se limitaria apenas a uma divisão. Ampliaria uma fresta para a criação de um outro espaço, "espaço entre" que se revela a cada tensão entre suas fronteiras.Um espectro vivo e mais profundo, o emergir do contemporâneo.
A morte da linha não trata de seu fim, mas de um exercício de mapeamento de possibilidades além do corte ou cisão.
Aquilo que se conhece como linha tem propriedades que não vemos devido a uma cultura binária e a política da alteridade , onde as coisas são divididas em duas... Mas e se essa divisão cria algo novo, que ainda não conseguimos ver?
Rever a linha e retirá-la de finalidade de corte ou divisão é permitir  a ação do mapeamento do espaço de toda geopolítica que divide o corpo em apenas duas manifestações legítimas.
Pois, se somos apenas macho e fêmea, o que nos resta de humanidade?
escrito por Lana Moraes (@_lanamoraes)
09 de março de 2021
Lana Moraes busca explorar a interseção entre conceitos geográficos de cartografia e mapeamento com uma abordagem da leitura do corpo humano. Desde os primeiros desenhos de Andróginas, passando pelos estudos das amorfas e chegando à série intitulada 'Cartografx dx Corpx' (Cartografias de Corpos), o objetivo é aprofundar-se nas complexidades do corpo a partir da abstração, especialmente no contexto queer, onde o corpo é percebido como um território em constante transformação. O princípio fundamental de seu trabalho reside na ideia de que o corpo queer representa um sujeito de auto territorialização, um espaço em evolução contínua que se redesenha e se reapropria do mundo ao seu redor.
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