![](https://cdn.myportfolio.com/d70f6382-4a9f-4c8b-808d-72bca928c193/aff297dd-93cc-4a76-8f68-9fcc89557477_rw_1920.png?h=9b84643cf2505aa2c2ca3fec181b6f23)
A quinta edição da Sessão Canteiro apresenta a produção de Nino Cais. Será apresentado um conjunto de cinco vídeos realizados ao longo dos dois primeiros decênios dos anos 2000. Ao final da exibição, o curador Diego Matos conduzirá uma conversa em que o artista irá compartilhar um pouco de sua pesquisa nesta mídia.
Os trabalhos abordam uma temática recorrente na trajetória do artista: as relações entre corpo e objeto, subjetividade e objetividade. Contudo, aquilo que, em acepção filosófica moderna, era marcadamente cindido – sujeito incondicionado e objeto empírico do conhecimento – perde a nitidez de suas fronteiras e cismas nos trabalhos de Nino Cais. Os objetos do cotidiano e o corpo do artista se imiscuem, borrando a aparente reciprocidade de seus limites. O artista, desse modo, subverte os termos da equação moderna através de uma tônica contemporânea: o sujeito, na figura do artista, se objetifica. O que era objetividade empírica se subjetiviza. Objetos inertes deixam de ser um amontoado de moléculas, ganham alma, memória e sentimento. O que era frieza metálica ou porcelânica se aquece. O corpo, envolto por um emaranhado de objetos, se enrijece. Entra em inércia e resfria. É ferro, é ouro.
Assim, não é de se espantar que, certo dia, Valter Hugo Mãe tenha outorgado a Nino Cais o título de Midas às avessas, aquele que "concede alma àquilo que coloca a mão". Contudo, em tons de provocação, diríamos que resta um ligeiro espanto nos apelos do literato à física quântica. Espanto que reside em sua tentativa (mesmo que cheia de ressalvas) em conceder à física o prazer de desnudar "a inteligência da matéria", já "operada" por Nino com Maestria.
Para nós – menos sofisticados que o escritor, ignorantes em assuntos de mecânica clássica e quântica, pobres e às vezes nem mesmo honestos – pouco importa o que os físicos têm a dizer. Pois, se há, na história humana, um campo que sempre foi capaz de desvendar os mistérios e agruras da inteligência da matéria, esse campo é o da Arte e, nele, Nino Cais é Maiastra. (texto: Mateus Moretti)
Data: 06.09.23
Horário
19 h - abertura das portas
20 h - exibição (pontualmente)
Buscando preservar o caráter da apresentação, as portas serão fechadas às 20 h, não sendo permitida a entrada após este horário.
Evento gratuito
Horário
19 h - abertura das portas
20 h - exibição (pontualmente)
Buscando preservar o caráter da apresentação, as portas serão fechadas às 20 h, não sendo permitida a entrada após este horário.
Evento gratuito
Intervalo, 2014
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Maiastra, 2016
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sem título, 2008
![](https://cdn.myportfolio.com/d70f6382-4a9f-4c8b-808d-72bca928c193/f980f0df-d252-4475-bd3e-b3f153fd99ae_rw_1920.png?h=07cfefc466734eafc91f1b2616f8350c)
sem título, 2005
![](https://cdn.myportfolio.com/d70f6382-4a9f-4c8b-808d-72bca928c193/ff8980fc-2e0a-4337-8c58-e62e46535d0d_rw_1920.png?h=b048a94458dbe6b0daf64a745680ab32)
Caminhando, 2004
Nino Cais (São Paulo, Brasil, 1969) possui, possivelmente, uma das mais variadas produções da arte contemporânea brasileira, não só em termos de materiais, - de fotografias, desenhos e colagens a esculturas, vídeos e vestimentas - mas também por sua ampla abrangência de discursos poéticos e narrativos. O artista cria um universo intermediário entre o mundo cotidiano, que fornece a matéria-prima para as obras, e um ambiente fantasioso, com raízes ficcionais baseadas na literatura, no teatro e nas artes plásticas. Nino Cais corta, cola, costura, desenha, está dentro e fora da obra, é personagem e autor, seus trabalhos se manifestam num tempo e espaço suspenso, reconhecível, porém pouco explorado pelo espectador, tão perto e tão longe ao mesmo tempo que sua estranheza é acolhedora.
Realizou exposições individuais na Fridman Gallery, Nova Iorque, EUA [2018]; Casa Triângulo, São Paulo, Brazil [2017]; Central Galeria, São Paulo, Brasil [2015] e Gachi Prieto Gallery, Buenos Aires, Argentina [2015]. Entre as exposições coletivas estão AQUI ESTOU, Museu Nacional da República, Brasília, BR [2023], Poema a Dois | Cartas Queimadas, Residência Fonte, São Paulo, BR [2021], Against, Again: Art Under Attack in Brazil, Anya and Andrew Shiva Gallery, Johnfoy College, Nova Iorque, EUA [2020]; O que meu corpo sabe: Fotografias em fricção nas coleções EAV Parque Lage e Memória Parque Lage, EAV Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil [2019]; Waving and Wavering, Maryland Art Place, Baltimore, EUA [2018]; Ação e Reação, Casa do Brasil, Setor Cultural da Embaixada do Brasil, Madrid, Espanha [2018]; Queermuseu - cartografias da diferença na arte da brasileira, Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil [2017], e participou da 30º Bienal de São Paulo. Suas obras fazem parte de coleções públicas como as do Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, entre outras.
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A Sessão Canteiro é um programa periódico de exibição de Videoarte e Vídeo-performance.
As projeções acontecem no estúdio com tratamento acústico do Canteiro, o que oferece uma condição especial de apreciação dos vídeos, permitindo uma verdadeira imersão nos ‘tempos’ específicos de cada trabalho; o efêmero de uma performance documentada, a eternidade morosa de uma obra que desafia a resistência do público, ou até a brevidade de um vídeo relâmpago.
Desta forma o Canteiro reafirma sua vocação como espaço autônomo dedicado a sediar, discutir e circular trabalhos nestas mídias.
A programação é feita pelos artistas Guta Galli, Marcelo Amorim e Ivan Padovani ou por curadores e artistas convidados.